Existe uma possibilidade grande de você ter parado aqui achando que era um site "pro" presidente Lula.
Desculpe decepcioná-lo - para o bem ou para o mal - mas não é.
Existe a possibilidade de você me conhecer, ou melhor ainda, achar que me conhece - e não digo isso de uma maneira pejorativa, pois nem eu mesmo me conheço. Mas se for esse o caso, pode ser que você já me conheça a um bom tempo e saiba que lugar e esse aqui, e fique impressionado que esse site ainda existe.
E existe a possibilidade de você ter parado aqui por um erro do destino. E nesse caso:
Olá. Meu nome é Luigi Paolo, e algumas pessoas me conhecem como "LulaPro". Por que? Porque meu apelido era "Lula" (não por causa do presidente) e eu fui professor, durante muitos e muitos anos. E este site foi criado inicialmente para manter contato com esses alunos. E isso há mais de 25 anos atrás.
Essa foi a primeira versão, de 1999 a 2002.
Desde o início, falávamos sobre tudo. Tecnologia, Música, Cinema. Digo "falávamos" pois não era só eu. Muitas pessoas escreveram durante todos esses anos no Lula.Pro, e foi tão divertido, que o site começou a fazer um relativo "sucesso" para uma época pré redes sociais, claro.
Essa foi a versão entre 2002 e 2004.
A coisa começou a ficar séria, começamos a ser conhecidos, ter matérias figurando por aí. O máximo do sucesso para mim havia chegado: começávamos a receber os meus próprios textos. Plágios de nossas matérias rolando solto. Por pouco, não tivemos frases assinadas por Clarice Lispector rodando por aí. Precisávamos crescer, e não apenas nós escrevermos, mas chamar a todos para se juntar a nós. E começavam a surgir as redes sociais.
Essa é a versão que a maioria conheceu: entre 2005 e 2010
Foi nessa época, entre 2005 e 2010 que chegamos a nosso ápice. Todos os grandes clássicos do Lula.Pro foram criados aí:
- O fórum "Fala que eu Discuto";
- O "Mágico.Pro", que foi a evolução da coluna "Fala Celão", e nosso colunista, Marcelo Mágico assumiu o site;
- A "Saga de Steve Stevan Severeveretz", a primeira blog novela da internet brasileira;
- A Semana do Presidente, onde eu respondia e-mails de pessoas que achavam que eu era o presidente Lula.
- O segredo do "Ra-tim-Bum", post mais polêmico do site, que gerou ameaças de diversos grupos das religiões mais obscuras, e chegou a gerar uma invasão chinesa ao site (que chegou a ser hospedado em casa);
- O newsgroup do Lula.Pro - esse, só quem é velho mesmo sabe o que é um newsgroup, especialmente com o fim do lendário newsgroup de cinema do uol, que depois teve diversas casas, e fomos uma delas (literalmente, pois esse sim, era hospedado em casa).
Enfim, isso e um monte de outras coisas fez jus ao ditado "a gente era feliz e sabia". Recebemos proposta de portal grande para comprar o site (o que hoje não teria sido uma má ideia). Estávamos quase lá.
Quase.
Na mesma velocidade que tudo crescia, tudo começava a acabar. A popularidade das redes sociais tiravam as pessoas de sites e blogs, e a notícia agora estava em posts de pessoas em grandes plataformas. Era mais rápido se atualizar pelo twitter do que o site do jornal "Último Segundo" do Ig (que não é a abreviação de "Instagram", era um portal). A gente tinha que se atualizar também.
Essa foi a última versão. Durou até 2014. Teve uma versão "vermelha" de 2010 a 2012.
Já sem outros colunistas, com o fórum e o newsgroup desativados por falta de interações, visitas caindo vertiginosamente, de uma forma quase heroica, ainda inovamos. Muito antes do "Podcast em vídeo" (que pra mim, é um "Videocast", mas não quero polemizar) ser a febre de hoje, em 2012 o "Santo Amaro Connection", nosso Podcast que não era transmitido em Santo Amaro, foi nosso último sucesso. Recebendo convidados, eu, Fabio Camargo e Leon Leoks falávamos os maiores absurdos ao vivo, para uma seleta fiel de espectadores que interagiam conosco, criando os pontos altos do nosso programa. O sucesso foi garantido com o quase processo que tomamos de um ex-candidato à prefeitura de São Paulo. Momentos antológicos, várias câmeras (de qualidade absurdamente precária, ainda mais perto do profissionalismo de hoje), transmitido da sala da minha casa através de plataformas que nem sei se existem mais como a Ustream e a Just.tv. Foi mágico.
A gente que botou fogo no Borba Gato.
Nosso último suspiro foram o NoirCast, um Podcast temático (como uma peça radiofônica), e "Refratários da Paixão", uma mini web-novela feita para o Twitter.
Mas era hora de parar. Fizemos muita coisa, mas dinheiro que é bom, nada. Cada um foi pra um lado. Eu fui escrever em uma revista portuguesa sobre música, alguns textos pro Medium, rede social... E fim.
Ou quase.
Dia 22 de novembro de 2025 esse site completa incríveis 25 anos. É muita coisa. É muita história. É muita história que ninguém viu (e talvez, que ninguém queira saber também). E rede social anda me intoxicando demais. Cheguei a abrir um Substack para escrever, mas não sei se seria regrado o suficiente para manter a clientela. Então porque não voltar em um lugar onde eu sempre barbarizei?
Então é isso: o Lula.Pro está de volta. Para que? Não sei. Provavelmente para nada. Quem sabe, apenas para ter um lugar onde eu possa aprovar comentários para ofender (como o Grupo "Só Aprovo seu Post para te ofender" que criei no Facebook). Ou não, ou um lugar para nos amarmos loucamente. Onde eu possa guardar meus amigos, meus discos e livros, e nada mais. Onde não tenha um milionário que negocie o que eu estou falando, me censure, ou fique com minha "propriedade intelectual" (ri muito escrevendo esse absurdo. E sim, sei que tem um milionário que está hospedando isso aqui também). Enfim, algumas coisas na vida não tem respostas. E, seguramente, esse site é uma delas.
Em tempos de Inteligência Artificial, há quem prefira uma Ignorância Natural.